GE Santos sobre Neymar: "Grande desafio não é financeiro, é fazê-lo jogar"

Ronaldo saiu em defesa de Neymar durante o Mercado Livre Experiente, evento realizado em São Paulo, nesta quarta-feira, que também contou com a presença do jogador do Santos.

O Fenômeno disse acreditar que Neymar será fundamental para a seleção brasileira que disputará a próxima Copa do Mundo. O jogador tem sofrido com seguidas lesões. A última, no músculo reto femoral da coxa direita. A previsão é de que ele volte a treinar na segunda quinzena de outubro.

-- Ele é um jogador determinante para a seleção brasileira. Não temos outro jogador como o Neymar. E a gente espera que ele esteja 100% para Copa, porque, se ele estiver, com certeza nós vamos ter resultados melhores do que se ele não estiver.

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A menos de um ano para a Copa, o Fenômeno enxerga semelhanças na situação vivida por Neymar com a que ele passou antes do Mundial de 2002, quando foi decisivo para a conquista do penta.

-- É um exagero por parte dessa minoria que acredita que é um descaso dele (na recuperação física). Quem viveu no futebol entende perfeitamente quão difícil é voltar de uma lesão e pegar ritmo e confiança novamente. Ele está no tempo certo. Outro dia, eu estava jogando tênis com a Luisa Stefani, campeã no São Paulo Open de duplas, e ela na mesma época do Neymar teve uma lesão no ligamento cruzado. Até hoje ela sente dor. É um processo que tem que ir aos poucos mesmo.

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Ronaldo e Neymar em evento em São Paulo -- Foto: Ingrid Gonzaga

O ex-jogador comentou ainda sobre o trabalho do técnico italiano Carlo Ancelotti à frente da seleção brasileira.

-- O Ancelotti é um grande treinador. Estive com ele no Milan e é um grande amigo que eu tenho no futebol. É um cara que já trouxe estabilidade à seleção brasileira. Eu tenho muita fé que ele pode alcançar grandes objetivos.

Investimento no futebol

Ronaldo comentou ainda sobre sua decisão de não investir mais em clubes de futebol -- ao menos em um futuro próximo. Desde o ano passado, o ex-atleta deixou sua posição de sócio majoritário do Cruzeiro e, neste ano, do espanhol Real Valladolid.

-- Foram duas experiências bem diferentes. O Valladolid, já com um campeonato bem organizado, com uma liga formada, com critérios estabelecidos, com fair play financeiro, foi uma operação muito mais tranquila, apesar da mudança cultural que a gente fez.

-- O Cruzeiro foi um desafio muito maior. A gente pegou todo o aprendizado que teve do Valladolid e transferiu para o Cruzeiro com a ideia de que aquela era a maneira certa de administrar, principalmente porque o Cruzeiro vinha de gestões terríveis que afundaram o clube tanto financeiramente quanto na categoria da elite do futebol. Mas foi muito legal mudar toda a cultura, um clube associativo histórico para ser uma SAF responsável. Mas foi muito difícil passar isso para o torcedor.

Ronaldo -- Foto: Fernando Moreno/AGIF

Ronaldo contou que uma das maiores dificuldades foi lidar com as antigas lideranças do Cruzeiro, principalmente após "cortar regalias" como ingressos e camisetas.

-- A gente passou a ser odiado e criticado por essas lideranças que se sentiram prejudicadas sem os benefícios tinham antes. Só que, no futebol responsável, a gente tem que tomar decisões importantes, sérias, para manter o clube vivo. Essas decisões foram difíceis, e a gente pagou um preço alto.

Para ele, a violência no futebol vinda ainda de parte da torcida também foi um dos motivos que o fizeram perder a paciência.

-- O futebol está muito violento hoje. O torcedor se sente num direito absoluto de invadir o centro de treinamento, quebrar os carros dos jogadores, quebrar estádio, pichar muros. Isso é de uma falta de educação gigantesca. E é cultural no Brasil. Eu acho que a gente tinha que mudar essa cultura.

Nova paixão de Ronaldo: padel

Apesar de ser conhecido pela sua atuação no futebol, Ronaldo está apaixonado por outro esporte que vem crescendo no Brasil: o padel. O Fenômeno contou que o envolvimento com as raquetes nasceu graças a um quadro do programa Fantástico, da TV Globo.

-- Eu jogo tênis faz um tempo. Eu fiz o meu primeiro jogo de tênis no 'Medida Certa', com o Márcio Atalla. Fiz um episódio, aí fiquei louco no tênis. Virou um desafio para mim. Hoje eu jogo bem melhor e estou apaixonado por tênis e padel, que também tenho jogado bastante. Não tem aquela pressão, não tem torcedor invadindo o CT, não tem aquela loucura que o futebol tem.

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De acordo com Ronaldo, a intenção é investir nas duas modalidades nos próximos três anos, não só em formação de atletas, mas também em construção de espaços que permitam a prática.

-- A gente tem uma escassez de quadra. No sul do Brasil tem muita quadra de padel. É um esporte que está pegando no mundo inteiro, crescendo muito no Oriente Médio, nos Estados Unidos, na Europa já é uma grande realidade. Países como Espanha e Itália têm mais de 15 mil quadras. A gente acredita que esse esporte vai pegar (no Brasil).

Ronaldo deixou também um elogio a João Fonseca, prodígio do tênis brasileiro que tem crescido nos rankings da modalidade.

-- Esse menino tem dado uma esperança para os brasileiros no tênis, a gente cresceu vendo o Guga ganhando tudo.

A expectativa é de que, para o ano que vem, sejam construídas 100 quadras com o investimento do ex-jogador, contribuindo com a democratização do esporte que, segundo ele, "sempre foi elitizado".

*Colaborou sob supervisão de Carlos Augusto Ferrari.