Entretenimento
31/10/2025 22:25
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Novembro Azul: mais da metade dos homens desconhecem que o HPV pode causar câncer
SÃO PAULO - Discutir a saúde sexual masculina ainda é um dos maiores tabus da sociedade. Uma pesquisa inédita do Instituto Ipsos, realizada este ano com 300 homens de todas as regiões do País, revelou um conhecimento limitado do homem brasileiro sobre o papilomavírus Humano (HPV).
Segundo o levantamento, 66% dos entrevistados desconhecem que o HPV pode causar câncer. Além disso, 45% dos homens acreditam que a camisinha é suficiente para a prevenção.
Às vésperas do Novembro Azul, campanha de conscientização sobre os cuidados do homem com a saúde, esses dados chamam a atenção. Os números foram apresentados durante um encontro realizado no Museu do Futebol, em São Paulo (SP), em outubro.
O evento reuniu especialistas, atletas e artistas para esclarecer dúvidas e trocar experiências sobre o tema. A iniciativa foi promovida pela farmacêutica MSD, em parceria com a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).
No encontro, a urologista Maria Cláudia Bicudo, professora da Faculdade de Medicina do ABC, alertou para o desconhecimento do vírus e a "falsa impressão de proteção com o preservativo". Ela explica que "existem áreas expostas onde a camisinha não consegue cobrir totalmente". O uso do preservativo, na verdade, protege cerca de 70% contra o HPV.
O HPV em homens, principalmente em casos de infecções persistentes, pode causar câncer de ânus, pênis e de boca/garganta (orofaringe).
Para Maria Cláudia Bicudo, o melhor momento para a vacinação contra o HPV é antes do início da vida sexual, quando a efetividade da vacina é "muito grande". Ela reforça que os meninos também se beneficiam da vacina, e não só as meninas como era a crença anterior. A fala da médica ganhou força com o relato do jogador de vôlei Lucão, campeão olímpico. Ele relatou já ter vacinado o filho de 9 anos.
A vacinação também oferece benefícios na fase adulta, fornecendo cobertura para diferentes tipos de vírus que o indivíduo eventualmente não entrou em contato. Outra lacuna de conhecimento da pesquisa é que 49% dos homens não sabem que exames regulares podem detectar o HPV precocemente.
Segundo a urologista, entre os homens, 80% já tiveram contato com o vírus HPV. Desses, 20% podem apresentar lesão, que nem sempre será uma verruga visível, pois pode existir uma lesão subclínica (pequena verruga). A lesão pode ocorrer no escroto ou na base do pênis, muitas vezes passando despercebida, o que exige um exame detalhado para ser avaliada.
Outro ponto crucial é a latência do vírus. O HPV pode permanecer latente nas camadas celulares, como se estivesse 'dormindo', e se tornar ativo frente a uma queda de imunidade. Assim, mesmo em um relacionamento estável, é possível que o vírus, que já estava no corpo de parceiros que tiveram contato anterior, volte a se manifestar e ser transmitido.
Atletas de alto desempenho, como o ex-jogador e comentarista de futebol Denilson e os campeões olímpicos de vôlei Bruninho e Lucão, usaram sua imagem e voz no evento sobre saúde masculina e a campanha de vacinação contra o HPV para combater o preconceito.
O pentacampeão mundial Denilson ressaltou que a presença deles no evento é uma forma de usar a imagem que construíram para chamar a atenção de pessoas que talvez não tivessem tanto acesso à informação de qualidade. Ele enfatizou que "a saúde não é só você correr, treinar e ir na academia," mas que "o exame de rotina sempre é muito importante".
Lucão afirmou que o esporte está intimamente ligado à saúde, dedicação e rotina. Ele destacou que o homem em geral "tem muito preconceito" em conversar sobre infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), e a presença deles é importante para passar a mensagem ao público, que em sua maioria é masculino.
Bruninho reforçou a missão do atleta em conscientizar as pessoas, especialmente sobre a importância de prevenir e vacinar, em vez de "só ir atrás da solução do problema". Ele chamou a atenção para o tabu de os homens só buscarem ajuda após o problema já estar instalado.
Ao fechar o encontro, o influenciador Fausto Carvalho, que incorpora o personagem "Jorginho da Faria Lima", foi apresentado como o embaixador da campanha.
Ao saber que a reportagem do JC, do Recife, acompanhava o evento, Fausto soube dividir o bom humor com a informação sobre a prevenção contra o HPV.
Ele alertou que o vírus pode ser o "lado obscuro" de algo como o Carnaval, festa que movimenta milhões de pessoas não só na capital pernambucana, mas em todo o Estado. Ele reforçou a importância de "conscientizar, falando sobre vacina, falando sobre câncer, falando sobre os problemas que tem, mas também levando alegrias, porque você está levando a cura, você está levando uma saída". O embaixador do evento finalizou com a informação de que "80% das pessoas têm HPV, ou vão ter".
O papilomavírus humano (HPV) é uma das infecções sexualmente transmissíveis mais comuns no mundo, capaz de afetar a pele e as mucosas. Ele pode causar verrugas genitais e, em infecções persistentes, provocar lesões que evoluem para o câncer. De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia, existem mais de 200 tipos do vírus, sendo 14 deles associados a tumores malignos.
Estima-se que cerca de 80% das pessoas sexualmente ativas entrem em contato com o HPV em algum momento da vida. Entre os homens, um em cada quatro pode desenvolver lesões genitais, a maioria provocada pelos tipos 6 e 11, responsáveis por 90% dos casos de verrugas genitais.
Em 2018, o mundo registrou aproximadamente 690 mil novos casos de câncer relacionados ao HPV. No Brasil, a infecção é ligeiramente mais frequente entre mulheres (54,6%) do que entre homens (51,9%), o que evidencia a ampla disseminação do vírus.
O uso de preservativos contribui para reduzir o risco de transmissão, mas não garante proteção completa. Por isso, a vacinação e o acompanhamento médico regular são medidas fundamentais na prevenção e no controle da doença.
A vacina contra o HPV é disponibilizada gratuitamente pelo SUS para meninas e meninos de 9 a 14 anos. Também têm direito à imunização gratuita pessoas entre 9 e 45 anos que pertencem a grupos prioritários, como imunossuprimidos, transplantados, pacientes oncológicos, vítimas de violência sexual, usuários de PrEP e crianças com papilomatose respiratória recorrente a partir dos 2 anos.
Até o fim de 2025, adolescentes de 15 a 19 anos que ainda não foram vacinados também podem receber a dose gratuitamente. Já na rede privada, está disponível a vacina nonavalente, que oferece proteção mais ampla contra os tipos mais agressivos do vírus.
O mais importante é que, independentemente da idade ou do sexo, todas as pessoas estejam vacinadas para prevenir a infecção e evitar complicações associadas ao HPV.
Acesse a campanha "Cuide do Seu" no site cuidedoseu.com.br e acompanhe a página no Instagram @cuide.do.seu para ficar por dentro do assunto.
Segundo o levantamento, 66% dos entrevistados desconhecem que o HPV pode causar câncer. Além disso, 45% dos homens acreditam que a camisinha é suficiente para a prevenção.
Às vésperas do Novembro Azul, campanha de conscientização sobre os cuidados do homem com a saúde, esses dados chamam a atenção. Os números foram apresentados durante um encontro realizado no Museu do Futebol, em São Paulo (SP), em outubro.
O evento reuniu especialistas, atletas e artistas para esclarecer dúvidas e trocar experiências sobre o tema. A iniciativa foi promovida pela farmacêutica MSD, em parceria com a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).
No encontro, a urologista Maria Cláudia Bicudo, professora da Faculdade de Medicina do ABC, alertou para o desconhecimento do vírus e a "falsa impressão de proteção com o preservativo". Ela explica que "existem áreas expostas onde a camisinha não consegue cobrir totalmente". O uso do preservativo, na verdade, protege cerca de 70% contra o HPV.
O HPV em homens, principalmente em casos de infecções persistentes, pode causar câncer de ânus, pênis e de boca/garganta (orofaringe).
Para Maria Cláudia Bicudo, o melhor momento para a vacinação contra o HPV é antes do início da vida sexual, quando a efetividade da vacina é "muito grande". Ela reforça que os meninos também se beneficiam da vacina, e não só as meninas como era a crença anterior. A fala da médica ganhou força com o relato do jogador de vôlei Lucão, campeão olímpico. Ele relatou já ter vacinado o filho de 9 anos.
A vacinação também oferece benefícios na fase adulta, fornecendo cobertura para diferentes tipos de vírus que o indivíduo eventualmente não entrou em contato. Outra lacuna de conhecimento da pesquisa é que 49% dos homens não sabem que exames regulares podem detectar o HPV precocemente.
Segundo a urologista, entre os homens, 80% já tiveram contato com o vírus HPV. Desses, 20% podem apresentar lesão, que nem sempre será uma verruga visível, pois pode existir uma lesão subclínica (pequena verruga). A lesão pode ocorrer no escroto ou na base do pênis, muitas vezes passando despercebida, o que exige um exame detalhado para ser avaliada.
Outro ponto crucial é a latência do vírus. O HPV pode permanecer latente nas camadas celulares, como se estivesse 'dormindo', e se tornar ativo frente a uma queda de imunidade. Assim, mesmo em um relacionamento estável, é possível que o vírus, que já estava no corpo de parceiros que tiveram contato anterior, volte a se manifestar e ser transmitido.
Atletas de alto desempenho, como o ex-jogador e comentarista de futebol Denilson e os campeões olímpicos de vôlei Bruninho e Lucão, usaram sua imagem e voz no evento sobre saúde masculina e a campanha de vacinação contra o HPV para combater o preconceito.
O pentacampeão mundial Denilson ressaltou que a presença deles no evento é uma forma de usar a imagem que construíram para chamar a atenção de pessoas que talvez não tivessem tanto acesso à informação de qualidade. Ele enfatizou que "a saúde não é só você correr, treinar e ir na academia," mas que "o exame de rotina sempre é muito importante".
Lucão afirmou que o esporte está intimamente ligado à saúde, dedicação e rotina. Ele destacou que o homem em geral "tem muito preconceito" em conversar sobre infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), e a presença deles é importante para passar a mensagem ao público, que em sua maioria é masculino.
Bruninho reforçou a missão do atleta em conscientizar as pessoas, especialmente sobre a importância de prevenir e vacinar, em vez de "só ir atrás da solução do problema". Ele chamou a atenção para o tabu de os homens só buscarem ajuda após o problema já estar instalado.
Ao fechar o encontro, o influenciador Fausto Carvalho, que incorpora o personagem "Jorginho da Faria Lima", foi apresentado como o embaixador da campanha.
Ao saber que a reportagem do JC, do Recife, acompanhava o evento, Fausto soube dividir o bom humor com a informação sobre a prevenção contra o HPV.
Ele alertou que o vírus pode ser o "lado obscuro" de algo como o Carnaval, festa que movimenta milhões de pessoas não só na capital pernambucana, mas em todo o Estado. Ele reforçou a importância de "conscientizar, falando sobre vacina, falando sobre câncer, falando sobre os problemas que tem, mas também levando alegrias, porque você está levando a cura, você está levando uma saída". O embaixador do evento finalizou com a informação de que "80% das pessoas têm HPV, ou vão ter".
O papilomavírus humano (HPV) é uma das infecções sexualmente transmissíveis mais comuns no mundo, capaz de afetar a pele e as mucosas. Ele pode causar verrugas genitais e, em infecções persistentes, provocar lesões que evoluem para o câncer. De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia, existem mais de 200 tipos do vírus, sendo 14 deles associados a tumores malignos.
Estima-se que cerca de 80% das pessoas sexualmente ativas entrem em contato com o HPV em algum momento da vida. Entre os homens, um em cada quatro pode desenvolver lesões genitais, a maioria provocada pelos tipos 6 e 11, responsáveis por 90% dos casos de verrugas genitais.
Em 2018, o mundo registrou aproximadamente 690 mil novos casos de câncer relacionados ao HPV. No Brasil, a infecção é ligeiramente mais frequente entre mulheres (54,6%) do que entre homens (51,9%), o que evidencia a ampla disseminação do vírus.
O uso de preservativos contribui para reduzir o risco de transmissão, mas não garante proteção completa. Por isso, a vacinação e o acompanhamento médico regular são medidas fundamentais na prevenção e no controle da doença.
A vacina contra o HPV é disponibilizada gratuitamente pelo SUS para meninas e meninos de 9 a 14 anos. Também têm direito à imunização gratuita pessoas entre 9 e 45 anos que pertencem a grupos prioritários, como imunossuprimidos, transplantados, pacientes oncológicos, vítimas de violência sexual, usuários de PrEP e crianças com papilomatose respiratória recorrente a partir dos 2 anos.
Até o fim de 2025, adolescentes de 15 a 19 anos que ainda não foram vacinados também podem receber a dose gratuitamente. Já na rede privada, está disponível a vacina nonavalente, que oferece proteção mais ampla contra os tipos mais agressivos do vírus.
O mais importante é que, independentemente da idade ou do sexo, todas as pessoas estejam vacinadas para prevenir a infecção e evitar complicações associadas ao HPV.
Acesse a campanha "Cuide do Seu" no site cuidedoseu.com.br e acompanhe a página no Instagram @cuide.do.seu para ficar por dentro do assunto.