BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) indicou nesta quarta-feira (24/9) que pode conversar com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a guerra entre a Ucrânia e a Rússia. A declaração foi dada nesta quarta-feira (24/9), durante coletiva à imprensa, em Nova York.
"Vou conversar inclusive com Trump. Sei que ele é amigo do Putin. Eu sou amigo do Putin. Quem sabe nossa química não pode ser levada ao Putin e ao Zelensky", brincou Lula.
Mais cedo, Lula se encontrou com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. De acordo com o Planalto, Lula aproveitou para reiterar sua convicção de que não haverá saída militar para o conflito. O presidente brasileiro também manifestou apoio ao processo de diálogo direto entre a Ucrânia e a Rússia, iniciado em maio, em Istambul, assim como às recentes conversas mantidas no Alasca e em Washington.
Lula quer aproveitar para construir pauta com Trump
Em coletiva à imprensa nesta quarta-feira, o presidente Lula afirmou que quer construir uma "pauta positiva" com os Estados Unidos.
"Tive a satisfação de ter um encontro com o presidente Trump. Aquilo que parecia impossível, deixou de ser impossível e aconteceu. Fiquei feliz quando ele disse que pintou uma química boa entre nós. Como eu acho que a relação humana é 80% química e 20% emoção, é muito importante essa relação. Torço para que dê certo, porque Brasil e Estados Unidos são as duas maiores democracias do continente, Não há por que viver em momentos de conflito", disse Lula.
"Fiz questão de dizer que temos muito para conversar, para resolver, temos que garantir a paz no planeta. Espero que em alguns dias a gente possa se encontrar e fazer uma pauta positiva com EUA. Coisa que mais respeito é um chefe de Estado eleito pelo seu povo. Não quero saber de ideologia. Se a pessoa for eleita, merece meu respeito na relação como chefe de Estado", continuou.
Lula e Trump tiveram um breve encontro na terça-feira (23/9), após o brasileiro terminar seu discurso na Assembleia-Geral da ONU e antes de o americano subir à tribuna para fazer o seu. "Foi uma surpresa boa. Acho mesmo que pintou uma química", disse Lula.
O petista não descartou que o encontro com o presidente dos Estados Unidos seja presencial. Na terça-feira (23/9), o chanceler Mauro Vieira afirmou que o diálogo deveria ser por telefone ou por videochamada.
Questionado sobre se teme "constrangimento" em um encontro presencial com Trump, como aconteceu com o presidente da Ucrânia, Volodymir Zelensky, e da África do Sul, Ramaphosa, Lula disse que "são dois homens de 80 anos" e que "não há porque ter brincadeira na relação entre dois homens de 80 anos".
O brasileiro disse que está "otimista" com o diálogo entre os dois, para que possa esclarecer "informações erradas" que foram repassadas a Trump, mas comentou que "não tem pressa" para que a agenda aconteça.
Em seu discurso, Trump elogiou Lula
Durante seu discurso na ONU, Trump disse que teve "uma química excelente" com o presidente brasileiro, "que pareceu um cara muito agradável". "Eu estava entrando (no plenário da ONU), e o líder do Brasil estava saindo. Eu o vi, ele me viu, e nos abraçamos. Na verdade, concordamos que nos encontraríamos na semana que vem", disse.
"Ele parece um cara muito legal, ele gosta de mim e eu gostei dele. E eu só faço negócio com gente de quem eu gosto. Quando não gosto deles, eu não faço. Quando eu não gosto, eu não gosto. Por 39 segundos, nós tivemos uma ótima química e isso é um bom sinal", afirmou Trump.