Pular para o conteúdo principal
Fórum dos Leitores
Radio 06/10/2025 06:30 Fonte: Estadão Por: Estadão Relevância: 20

Fórum dos Leitores

O Brasil vive hoje uma espécie de Lei meio Seca. A intoxicação por metanol tem fechado distribuidoras de bebidas, bares e restaurantes no Estado de São Paulo, epicentro dos casos, e em outros Estados. Só a capital paulista, segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), tinha em 2024 157 mil desses estabelecimentos, portanto uma fiscalização amiúde, pelos órgãos competentes, é praticamente impossível - e os malfeitores sabem muito bem disso. Então, todo cuidado é pouco. O quadro é grave, com alguns óbitos e muitos casos de contaminação relatados. O governo federal criou uma sala de situação para monitoramento de novos casos e o governo paulista, um gabinete de crise. A Polícia Federal, a Polícia Civil e órgãos estaduais e municipais de fiscalização estão em campo para desbaratar quadrilhas de falsificadores especializados em adulterar bebidas alcoólicas, e têm obtido algum sucesso nessas incursões. Que não pare por aí, pois os inescrupulosos com certeza arrefecerão suas atividades e, assim que a poeira baixar, voltarão à carga. É, portanto, mandatória uma fiscalização frequente, pois de nada adianta fechar a porteira depois que a manada já passou.

Por que o Brasil insiste em agir só depois que a tragédia se consuma? Aqui, a prevenção costuma chegar tarde demais. Em 2023, uma jovem morreu de desidratação num show da cantora Taylor Swift no Rio de Janeiro, onde a entrada de garrafas de água foi proibida mesmo sob calor extremo. A tragédia da Boate Kiss, os deslizamentos em Petrópolis e a demora na vacinação contra a covid-19 são exemplos de um padrão: só depois do desastre vêm as medidas. Atualmente, bebidas adulteradas com metanol causam intoxicações e mortes. A cultura política reativa, a negligência com dados técnicos e a baixa fiscalização perpetuam esse ciclo. O País parece esperar a porta ser arrombada para instalar câmeras. Enquanto isso, vidas continuam sendo ceifadas.

Os antídotos para o envenenamento como metanol são o etanol e o fármaco Fomepizol - e este é bem superior, mas seu custo no Brasil é de R$ 6 mil/g. Para tratar uma pessoa de 70 kg intoxicada, será necessário 1,75 g do fármaco. O custo total será de R$ 1,33 milhão para os 127 internados. Embora o Ministério da Saúde esteja negociando a compra do Fomepizol, esse fármaco não é difícil de ser sintetizado. Assim, os pesquisadores químicos e farmacêuticos das universidades paulista deverão se unir para sintetizar uma quantidade suficiente, a custo bem menor, para ser distribuída no Brasil inteiro. Embora a prevenção não seja uma estratégia comum no País, esta é uma oportunidade para unir os esforços dos governos federal e estaduais para fazer algo bastante importante para a saúde pública. Oremos!

Omar El Seoud, professor do Instituto de Química da USP

Em recente editorial este jornal tratou da promessa de despoluição do Rio Tietê (30/9, A21), mencionando outros países que despoluíram rios seus. Isso é meia verdade, pois as águas desses rios apresentam diferentes poluentes que não permitem classificar suas águas como limpas. Há mais de 25 anos, alguns consultores que participaram de estudos sobre o Tietê disseram que nós teríamos de definir o que pretendíamos com as águas do rio na região metropolitana: serviriam para uso humano; para pesca; para natação; para transporte; limpas ou sem mau odor? Isso porque nunca teríamos essas águas cumprindo todas essas opções, ou seja, despoluídas. E por quê? Porque ninguém citou ou comentou o aspecto mais importante: a metrópole de São Paulo está na cabeceira do Rio Tietê, ou seja, a muito poucos quilômetros de suas nascentes. Enquanto isso, os corpos receptores de outras metrópoles citadas estão a poucos quilômetros de sua foz. Essa problemática é perfeitamente comprovada quando se verifica que a poucas centenas de quilômetros da região metropolitana as águas já estão limpas, com inúmeros municípios captando essas águas para abastecimento público. Assim, as autoridades devem tratar de implantar toda a rede coletora de esgotos e seus coletores-tronco e interceptoras para que até 2029 tenhamos o tão sonhado atendimento de 90% da população.

O grupo composto por mais de 450 ativistas que partiu da Espanha e da Turquia numa flotilha com quase 50 barcos rumo a Gaza levando ajuda humanitária sabia muito bem que jamais chegaria lá, pois seria interceptado pela marinha israelense, como aconteceu anteriormente. O objetivo era simplesmente mais um ato espetacular de protesto anti-israelense. O detalhe é que, após o anúncio da proposta mais robusta até agora de cessar-fogo, as embarcações poderiam no mínimo frear o avanço à espera da resposta do Hamas. Mas não. Seguiram seu rumo em atitude frontalmente provocativa. A explicação para esse fenômeno é a mesma da demora do Itamaraty em se manifestar sobre a proposta de Donald Trump para a região: importam mais os holofotes do que o conflito propriamente. Daí para o ridículo é um passo.

O que a deputada federal Luizianne Lins (PT-CE) estava fazendo na tal flotilha humanitária na região de Gaza? Será que o Estado que ela representa está devidamente representado nos problemas que tem?

A deputada federal Luizianne Lins (PT-CE) deixou o Brasil para pegar uma carona em uma flotilha rumo à Faixa de Gaza. Será que essa viagem foi paga com recursos próprios ou com verbas públicas? Perguntar não ofende, né? Será que ela foi eleita para trabalhar em prol dos cidadãos brasileiros ou para os cidadãos palestinos? Enquanto a nossa republiqueta de bananas convive com o crime organizado, com bebidas contaminas com metanol, com brasileiros sem acesso à educação, saúde e segurança, a nobre deputada resolve fazer trabalho voluntário.

Preocupantes são as projeções de recentes pesquisas eleitorais para 2026, que indicam a vitória do atual ocupante do Palácio do Planalto em qualquer cenário diante dos prováveis adversários na disputa presidencial. Salvo o surgimento de algum fato novo que dê margem à improvável erupção de um candidato surpresa, capaz de sacudir o panorama esperado, é lícito depreender que - apesar de o governo em curso não apresentar sequer uma agenda programática mínima voltada a promover e melhorar os pífios índices de crescimento que marcaram os mais de 20 anos em que o partido correspondente exerceu o poder, das nuvens de corrupção que o mancharam e dos gastos irresponsáveis do atual mandato voltados exclusivamente à reeleição - o fascínio eleitoral da população por Lula não foi afetado de modo relevante. Diante de tal quadro, fica-se a imaginar a gaguejante perplexidade - verdadeira saia justa - em que executivos privados nacionais ou mesmo autoridades governamentais brasileiras se veriam ao tentar firmar acordos destinados a atrair investimentos para o País. Antes das conversas, seriam obrigados a explicar tal paradoxo de manada desconcertante ao representante da corporação estrangeira com a qual se desejasse associar, habituado aos preceitos de democracia construtiva e a uma atmosfera jurídica suficientemente segura. Quanto à perspectiva eleitoral que se desenha, só rezando.

Alexandre de Moraes usou uma sessão plenária do Supremo para reclamar da arbitragem em jogo do seu Corinthians: "Ontem novamente fomos roubados a mão armada com a marcação de um pênalti aos 52 minutos, pênalti absurdo", disse o ministro. E olha os termos: roubo e mão armada. É assim que Moraes trata um árbitro de futebol. Erros acontecem no futebol e na Suprema Corte, não é mesmo, senhor Alexandre de Moraes? Tem gente que acha que o Brasil foi roubado a mão armada com o Supremo Tribunal Federal (STF) anistiando e anulando processos de corruptos confessos. Ou quando transformou imposto regulatório em arrecadatório. Ou ainda quando julgou e está julgando cidadãos sem prerrogativa de foro na última instância. Tão absurdo quanto o pênalti aos 52 minutos. Na sua manifestação em local inapropriado e usando palavras inapropriadas, só faltou o ministro dizer que o árbitro atentou contra a democracia corintiana e o Estado Democrático de Direito de ser corintiano.

A discriminação financeira praticada pelo governo federal quanto ao Imposto de Renda não é incriminada, sob o olhar passivo dos deputados e senadores que nós, eleitores, elegemos para nos defender, mas que não o fazem. Segundo o Sindifisco, a correção da tabela do Imposto de Renda está defasada em 154%. Essa é a forma desonesta de aumentar, ano após ano, a já elevada carga tributária.

O contribuinte foi enganado pelos políticos e mídia partidária com essa medida da isenção do Imposto de Renda (IR) que tramita no Congresso. Como a tabela da correção do IR na fonte está defasada em mais de 150%, demagogicamente querem fazer algo e ter a receita para tal. Ora, a tabela deveria ser corrigida anualmente, porque tudo o que devemos também é corrigido. Até o IR que devemos, quando parcelado, sofre igualmente a atualização de seus valores. Sendo assim, deveriam concretizar essa medida naturalmente, assim como foi aumentado o fundo eleitoral para R$ 4,9 bilhões sem nenhuma compensação. Portanto, vamos deixar de fazer demagogia com algo que deveria ser naturalmente implantado, sem mais delongas, nem prejuízo de demais contribuintes.

Parabéns ao governo Lula pela aprovação da isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e aumento da contribuição para os mais ricos. É uma tentativa válida para diminuir a brutal concentração de renda no País.

O que mais se espera de um Estado Democrático de Direito é justiça. Que todos os cidadãos nas várias esferas da vida pública e privada tenham acesso e gozo pleno dos seus legítimos direitos. É a própria dignidade cidadã que exige isso. Enquanto houver desigualdade social entre nós, não é possível imaginar um autêntico respeito ao cidadão e nem à própria lógica democrática. Por isso, a aprovação unânime na Câmara dos Deputados da isenção do Imposto de Renda para o cidadão que ganha até R$5 mil é indubitavelmente um lúcido ato de justiça tributária. Essa unanimidade que abraça a justiça merece inclusive moção de aplausos. Mas, atenção, não se trata de mérito dos esforços deste ou daquele ideário político. Nem muito menos testemunho de "amizade" dos deputados para com o povo, como mencionou Hugo Motta (Republicanos-PB). Justiça não é ato de benevolência. É o estabelecimento de direitos. Segundo John Rawls, um dos princípios da justiça é a diferença, não para servir à perpetuação das desigualdades econômicas e sociais, mas para que todos sejam beneficiados, independente da condição em que se encontrem.

No Brasil, nada se cria, tudo se copia. Como prefeita, Marta Suplicy trouxe o corredor de ônibus em um formato inspirado em modelos como Curitiba, Bogotá, Europa, especialmente Espanha, França e América do Norte. A ideia era dar fluidez ao trânsito e prioridade para o coletivo. Uma ideia copiada que deu certo. Com o avanço da tecnologia de bilhetagem e monitoramento eletrônico, surgiu a lógica de eliminar barreiras físicas (catracas, cancelas e cabine). No pedágio, surgiu o free flow, um filho dessa evolução do transporte e da mobilidade, objetivando tirar o gargalo e fazer o fluxo andar com a cobrança automática. O free flow foi criado na Noruega, nos anos 1990, e se espalhou para o mundo. Chegou no Brasil em 2023; no RJ e em SP, 2025. Ou seja, 35 anos depois. O free flow traz muitas vantagens: acaba com filas em cabines, o motorista não precisa reduzir muito a velocidade, e reduz o consumo de combustíveis e emissões, resultando em menos poluição. Basta ter a tag ao passar pelo pedágio. Na ausência da tag, a placa é lida, e a cobrança chega na casa do usuário. Simples assim. Mas não é a instalação do free flow que está incomodando certas pessoas. A implicância é porque quem está propondo é o governador de SP, Tarcísio de Freitas, que é perseguido pela esquerda, pois reúne condições de derrotar Lula. Para partidos como PT, PSOL, PSB e PCdoB, persiste a narrativa da dependência. Quanto maior o atraso, melhor. Vá em frente, governador, substitua as cabines pelo free flow. A população agradece.

O presidente Lula afirmou que vai dormir em um barco na COP-30. Uma bela narrativa para mostrar o despojamento do presidente e da primeira-dama. Dá a impressão que o casal vai se alojar em um romântico barco, mas se o presidente se hospedar em uma embarcação, será na cabine presidencial de um luxuoso transatlântico, com o devido isolamento.

Parabenizo Arthur Grupillo pelo realista artigo que mostra o momento em que vive nossa sociedade (Estadão, 3/10, A4).

O maior problema do Brasil é a roubalheira generalizada na política. Isso causa a enorme desigualdade social e impede o País de sair do pântano do subdesenvolvimento de Terceiro Mundo. O presidente Lula da Silva posa de herói por ter feito algumas mudanças fiscais - vai cobrar mais impostos dos mais ricos e isentar os mais pobres -, mas nada fez para acabar com a roubalheira generalizada em seu governo. Todos os esquemas continuam prosperando: rachadinhas, emendas parlamentares que não saem do papel, superfaturamento de obras, entre muitos outros. O governo que suceder Lula da Silva deve fazer do combate à corrupção o principal objetivo do governo. O Brasil precisa sair da lista de países mais corruptos do planeta. Quando isso acontecer, será o país mais rico do mundo. Não haverá mais fome, as favelas serão urbanizadas, 100% do esgoto será coletado e tratado e teremos os melhores indicadores de saúde e educação do planeta.

Os sindicatos foram criados para dar apoio amplo, geral e irrestrito aos seus associados. Todavia, não é o que está acontecendo. Tudo começou lá atrás, quando o ex-metalúrgico Lula da Silva deu início à sua carreira sindical. De lá para cá, a tigrada petista se apoderou dos sindicatos para gerir suas administrações e deu no que deu. Furtaram os aposentados e pensionistas sem dó. O Sindnapi, sindicato que tem o irmão de Lula como vice-presidente, movimentou cerca de R$ 1,2 bilhão. A Contag, ligada ao PT, movimentou cerca de R$ 2 bilhões. Já a Conafer, também próxima à tigrada, movimentou mais de R$ 700 milhões, e uma parte dessa transação é apontada como suspeita e atípica. As informações partiram da Operação Sem Desconto, da Polícia Federal. Afinal, como é possível um sindicalista associado em 1968 expandir tanto suas ideias a ponto de causar sofrimento aos hipossuficientes obreiros? É o efeito sindicalista?

Absurdo o descaso do governo de Minas Gerais com a rodovia MGC-259 entre Virginópolis e Divinolândia de Minas Gerais, repleta de buracos, desníveis, canaletas entupidas e sinalização apagada. Essa rodovia vai até o Estado do Espírito Santo, e o pior trecho é justamente esses nove quilômetros que servem apenas para arrecadar com um radar discreto e não sinalizado. Espero que os prefeitos, vereadores e a sociedade local ajam em união cobrando a reforma desses nove quilômetros essenciais para a população da região.

Selecione uma estação

-