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Entidades ligadas a fraudes do INSS pagaram R$ 5,1 mi a escritório de filho de ex-diretor do órgão
Geral 03/10/2025 21:14 Fonte: O TEMPO Por: O TEMPO Relevância: 15

Entidades ligadas a fraudes do INSS pagaram R$ 5,1 mi a escritório de filho de ex-diretor do órgão

BRASÍLIA - O escritório de advocacia do ex-diretor de benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) André Fidelis teria recebido R$ 5,1 milhões de entidades ligadas às fraudes contra aposentados e pensionistas. As informações são do Estadão e estão em um relatório de inteligência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) entregue à CPMI do INSS.
O montante corresponde a 76% das receitas do escritório de advocacia de Eric Fidelis entre novembro de 2023 e julho de 2025. Durante o período, a empresa recebeu R$ 6,6 milhões e acumulou despesas de R$ 5,3 milhões. De acordo com o Estadão, o escritório foi fundado pouco antes destas movimentações, em junho de 2022, quando Eric tinha 30 anos.
Segundo o Estadão, o escritório de Eric Fidelis já havia recebido R$ 2,3 milhões entre setembro de 2022 e março de 2023 conforme um levantamento feito anteriormente pela Polícia Federal (PF). Para a PF, a empresa teria sido utilizada para intermediar a propina paga por Antônio Carlos Antunes, o "Careca do INSS", ao pai, André Fidelis. Eric não respondeu aos questionamentos e André não foi encontrado.
Em depoimento à CPMI, o "Careca do INSS" confirmou ter recorrido a empresas de parentes de gestores do INSS, mas defendeu as contratações como "legítimas". "Ele (Eric) chegou até a mim, no escritório, apresentando um material de educação financeira, e eu já sabia que ele era filho do André Fidelis", afirmou.
Conforme o Estadão, Eric ainda teria movimentado R$ 10,4 milhões, entre entradas e saídas, em sua conta pessoal, de fevereiro de 2023 a março de 2024. O relatório do Coaf teria apontado que "a renda informada (pelo filho de André) não ampara a movimentação, visto que a conta acolheu o montante a crédito incompatível com o período analisado". A renda dele seria de cerca de R$ 13 mil.
Procurador afastado do INSS tentou comprar carro de R$ 380 mil
De acordo com o Estadão, o ex-procurador-chefe do INSS Virgílio de Oliveira Filho teria tentado comprar um carro de R$ 380 mil cerca de um mês após a operação deflagrada pela PF que lhe afastou do cargo. O ex-procurador teria solicitado uma reserva ao banco para comprar um Audi A5 Sedan Performance S Edition.
Entretanto, o relatório do Coaf não teria especificado se Oliveira Filho comprou ou não o carro. Conforme o Estadão, Oliveira Filho fez a solicitação ao banco em 28 de maio e a operação chamada pela PF de "Sem Desconto" foi às ruas em 23 de abril. Procurado, o ex-procurador não se manifestou.
Oliveira Filho foi um dos cinco diretores do INSS afastados pela decisão judicial que deflagrou a operação "Sem Desconto". O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silveira (PT) lhe retirou oficialmente do cargo no mesmo dia.
Dirigente e agente afastado da PF também têm movimentações suspeitas
Ainda de acordo com o Estadão, o Coaf teria produzido relatórios sobre movimentações atípicas de outros suspeitos de fraude em descontos do INSS, como, por exemplo, a advogada Cecília Rodrigues Mota, que dirigiu a Associação dos Aposentados e Pensionistas Nacional e a Associação dos Aposentados e Pensionistas do Brasil, e o agente afastado da PF Philipe Roters Coutinho.
O Coaf teria apontado movimentações de R$ 10 milhões em transações incompatíveis com o patrimônio de Cecília em um ano. Segundo o Estadão, em menos de dois meses, a advogada, que já havia feito 33 viagens em um espaço de dez meses, teria movimentado R$ 2,5 milhões. A advogada não respondeu aos questionamentos.
Durante as investigações, a PF apontou que a advogada teria desempenhado "um papel central na teia financeira" do esquema de descontos indevidos. Escritórios de advocacia e empresas ligadas a Cecília são suspeitos de receberem dinheiro de entidades investigadas pelas fraudes e repassarem valores a servidores do INSS suspeitos de corrupção.
O Coaf também teria identificado movimentações atípicas do agente afastado da PF. Em um ano, ele movimentou R$ 2,8 milhões, valor incompatível com seu patrimônio e atípico para um servidor público. De acordo com o Estadão, Coutinho teria rendimentos mensais de R$ 13 mil na instituição durante o período.
O agente teve US$ 200 mil apreendidos em dinheiro vivo em uma operação policial em abril. O agente afastado é investigado por supostas ligações com o esquema dos descontos indevidos. A defesa de Coutinho alega que o servidor não possui "qualquer vínculo com as questões relativas ao INSS".

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