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Deputados visitarão Complexo do Alemão após centenas de mortes em operação no Rio de Janeiro
Geral 29/10/2025 21:00 Relevância: 15

Deputados visitarão Complexo do Alemão após centenas de mortes em operação no Rio de Janeiro

BRASÍLIA - Deputados que compõem a Comissão de Direitos Humanos da Câmara visitarão o Complexo do Alemão e o Instituto Médico Legal (IML) do Rio de Janeiro na quinta-feira (30/10), diante da megaoperação das forças de segurança com os assassinatos de mais de 130 pessoas. Os parlamentares refutaram a ação comandada, e celebrada, pelo governador Cláudio Castro (PL), e anteciparam que haverá uma reunião na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) com entidades de direitos humanos que monitoram a chacina nos complexos da Penha e do Alemão.
A agenda começa com a incursão ao Alemão. Depois, os deputados visitarão o IML e seguirão com reuniões com o defensor público-geral do Estado, Paulo Vinícius Cozzolino Abrahão, e com o procurador-geral de Justiça, Antonio José Campos Moreira. "No final da tarde, faremos uma reunião na Assembleia Legislativa com os movimentos de direitos humanos do Rio de Janeiro", antecipou o deputado Reimont (PT-RJ), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara.
A deputada Benedita da Silva (PT-RJ) criticou a atuação de Cláudio Castro e as comemorações públicas dele, que celebrou o resultado da megaoperação. "Nós não temos pena de morte no Brasil. Mas, eles não foram para prender ninguém. Eles foram para matar. Eles estão festejando, dizendo que a operação foi maravilhosa. Que operação maravilhosa é essa que você não resgata um ser daquele?", indagou. Benedita governou o Rio de Janeiro por nove meses entre 2002 e 2003.
O líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ), classificou a operação como uma "atitude criminosa" de Castro. Ele disse, ainda, que o Palácio do Planalto priorizará uma força-tarefa de inteligência e investigação no Rio de Janeiro, nos moldes da operação Carbono Oculto, que desvendou a infiltração do PCC no mercado financeiro. A intenção é sufocar os rendimentos bilionários das facções.
Os parlamentares defendem que o governo do Rio seja alvo de investigações pelas ações. "Há décadas a gente enxuga sangue. Os índices de criminalidade permanecem crescendo de forma exponencial, e as famílias estão sendo destruídas por um modelo de segurança pública encampado pelo governador Cláudio Castro, que é incompetente, responsável pelas mortes que aconteceram no Rio de Janeiro", criticou a deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ).
Como líder da bancada do PSOL, ela solicitou ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), a instalação de uma comissão externa para monitorar a situação no Rio.
Megaoperação reacende discussão sobre PEC
A megaoperação que matou mais de 130 pessoas no Rio de Janeiro reacendeu a discussão sobre a proposta de emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública, enviada à Câmara pelo Ministério da Justiça no mês de abril. A PEC é discutida em uma comissão especial instalada pelo presidente Hugo Motta, mas o relator Mendonça Filho (União Brasil-PE) ainda não apresentou um parecer. A proposição encontra resistência principalmente entre os governadores de direita, entre eles Cláudio Castro.
A operação é a mais letal da história do Brasil. O balanço da Defensoria Pública do Rio de Janeiro identificou mais de 130 mortos. Moradores do Complexo da Penha retiraram mais de 70 corpos de uma mata e os carregaram para uma praça. A ação das forças de segurança aconteceu nos complexos do Alemão e da Penha nessa terça-feira (28/10), e o alvo era o Comando Vermelho, a maior facção criminosa do Rio.
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, cobrou do Congresso Nacional a aprovação da PEC. "Ficou mais evidente a necessidade de articulação entre forças de segurança no combate ao crime organizado", publicou em uma rede social. "É isso que o governo do presidente Lula propõe na PEC da Segurança Pública: uma grande articulação com os governos estaduais, em que somente o crime sairá perdendo", completou.
O presidente Hugo Motta se esquivou de citar a PEC e optou por dizer que a Câmara avançou em projetos que tratam sobre a segurança e repressão aos crime. "Reafirmamos nosso compromisso com os projetos de segurança pública e de combate à violência -- uma das maiores preocupações da população brasileiro", publicou. "Sob minha presidência, a Câmara aprovou quase 30 matérias na área", acrescentou, sem citar se há previsão de acelerar a votação da PEC da Segurança Pública na comissão especial e no plenário da Câmara.
A PEC propõe mudanças nos artigos que se referem à segurança pública na Constituição. A proposta não retira as competências dos estados, como esclarece o Ministério da Justiça, e fortalece a atuação da União no Sistema Único de Segurança Pública. O projeto também amplia o escopo da Polícia Federal (PF), que se converteria em polícia judiciária para combate aos crimes ambientais e de repercussão interestadual e internacional.
Outra alteração é a inclusão das guardas municipais no rol de órgãos de segurança pública, podendo realizar, a partir de então, policiamento ostensivo e comunitário. Outro ponto da PEC é a unificação do Fundo Nacional de Segurança Pública e do Fundo Penitenciário Nacional. Os dois dariam origem ao Fundo Nacional de Segurança Pública e Política Penitenciária, e os recursos do Orçamento destinados a ele estariam livres de bloqueios e contingenciamentos.

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